A marcha das estações, a água entre hemisférios,a paleta dos ipês; mas também o piano das gotas na calha sépia, o cacto, antes terno que intratável, a louça branca sobre a toalha vermelha. Um dos primeiros traços a se destacar na poesia de Regina Aída Crespo é a vocação pictórica. Seja adotando um ponto de observação xo, como “torre de vigia”, seja se deslocando entre a cidade do interior e a
megalópole, entre Brasil e México ou entre as memórias da infância e a dissipação do presente, cor e luz, forma, volume e contraste organizam o pensamento em sua aspiração descritiva. E o que a observação não alcança e a memória não recompõe,
a imaginação completa (“adivinho o caminho das nuvens”), sendo vã qualquer tentativa de dissociação entre potências fraternas.