Tenho 80 anos, já fui jovem na idade e continuo a sê-lo na mente. Graças a Deus e a outros felizes fatores, devo isso a leituras que fiz e faço desde criança. Nas casas em que moramos nesta Bela Horizonte, meu quarto era, também, a biblioteca da familia. O ""Tesouro da Juventude"" e a ""Coleção Monteiro Lobato"" ali estavam, é claro, magníficas leituras!

A medida que os anos passavam, outro interesses literários me chamavam, fui para os clássicos brasileiros: José de Alencar, Gonçalves Dias , Olavo Bilac, Castro Alves, Visconde deTaunay, Padre Antônio Vieira ( veio de Lisboa), Pai Setúbal, Joaquim Nabuco. Mais adiante Carlos Drummond de Andrade, Cicilia Meireles, Guimarães Rosa, Mário Palmério, Jorge Amado, Érico Veríssimo!

Por fim e não por menos depois, Joaquim Maria Machado de Assis, o “Bruxo do Gosme Velho” (apelido que lhe pôs “carinhosamente” Carlos Drummond), fundador e primeiro Presidente da Acadêmia Brasileira de Letras. Cronista, contista, poeta, crítico, romancista, jornalista, Machado de Assis está no topo da literatura brasileira e, e do outro lado do Atlântico, no mesmo pico que Eça de Queiroz. Os dois são da mesma pátria: a língua portuguesa (obrigada, Fernando Pessoa).

A Editora Miguilim, honrando o nome do personagem rosiano, parte, com inteligência, para uma nova viagem editorial, imprimido os clássicos, tão importantes, na formação e no aperfeiçoamento constante da nossa gente. Sem se falar na dura competição dos concursos e vestibulares...

Lembro-me, agora, de John Ruskin, pensador britânico. Disse ele: “ Todos os livros podem ser dividos em dois grupos: os dos momento e os de todos os tempo.”

Com este livro que ora apresento ( com honroso prazer) e que reúne sete fascinantes contos do grande Machado, a Editora Miguilim se destaca no mundo encantado (ou “encontrado”) das letras de “todos os tempos”.

E isso acontece quando a nossa Academia Brasileira de Letras, de frente para a Baía de Guanabara, comemora 120 anos de sua machadiana inauguração.

Parabéns!